Resultados marcantes mostram que os
            
            
              manguezais são essenciais para combater as
            
            
              mudanças climáticas
            
            
              Depois de um voo para uma cidade litorânea na Indonésia, um grupo de
            
            
              cientistas viaja 20 horas de barco para um sítio ribeirinho, onde passam uma
            
            
              semana, esperando que a maré baixe a cada dia para escalar uma teia de
            
            
              raízes, com lama até os joelhos, e chegar a uma remoto manguezal.
            
            
              Assim começou o trabalho duro que levou o CIFOR a realizar descobertas
            
            
              fundamentais – apontando para os manguezais como repositórios ideais
            
            
              para manter o carbono fora da atmosfera e armazenado nas florestas. Essas
            
            
              descobertas estão tendo implicações significativas para as políticas locais
            
            
              e globais.
            
            
              Os cientistas esticam trenas e anotam as circunferências das árvores. Eles
            
            
              descarregam cerca de 12 kg de tubos de aço inoxidável, cravam-nos no
            
            
              chão, e os puxam de volta para fora para coletar amostras representativas:
            
            
              a um metro de profundidade, eles coletam terra arenosa com pedaços de
            
            
              folhas; e a mais de 11 metros de profundidade, uma terra que é preta e lisa
            
            
              como graxa.
            
            
              Encharcados de repelente para se proteger contra a dengue e a malária, os
            
            
              cientistas trabalham de forma rápida enquanto a maré sobe. Eles nadam de
            
            
              volta para os barcos. De volta ao laboratório, eles analisam o carbono em
            
            
              milhares de amostras de solo do Sudeste Asiático. Eles quebram a cabeça com
            
            
              os números e se surpreendem com os resultados: os manguezais armazenam
            
            
              três a quatro vezes mais carbono do que a maioria das florestas tropicais.
            
            
              Os manguezais ocorrem ao longo da costa de cerca de 118 países, mas quase
            
            
              a metade deles foi destruída na segunda metade do século passado.
            
            
              Um aumento de gases de efeito estufa aqueceu a Terra em 0,7 °C ao longo
            
            
              do século passado, fermentando uma mistura cada vez mais turbulenta
            
            
              de tempestades, inundações, deslizamentos de terra, incêndios florestais,
            
            
              temperaturas extremas e secas.
            
            
              “Os manguezais estão sendo destruídos a uma taxa alarmante e isso precisa
            
            
              parar”, disse Daniel Murdiyarso, cientista sênior do CIFOR. “Há uma falta
            
            
              de conscientização sobre as implicações da perda de manguezais para a
            
            
              humanidade. Há uma necessidade urgente para os governos reconhecerem
            
            
              a sua importância e desenvolver melhores políticas para garantir a sua
            
            
              proteção.“
            
            
              Desde que as descobertas a respeito dos manguezais foram publicadas em
            
            
              2011, elas têm recebido atenção mundial dos meios de comunicação, da
            
            
              comunidade científica e do público em geral. As conclusões serão levadas em
            
            
              conta pelos processos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas,
            
            
              enquanto esse revisa suas diretrizes para inventários de gases de efeito estufa
            
            
              em áreas úmidas.
            
            
              Para ampliar ainda mais o impacto dos resultados, a Iniciativa para Adaptação
            
            
              e Mitigação às Mudanças Climáticas em Áreas Úmidas Tropicais (TwinCam)
            
            
              foi desenvolvida pelo CIFOR em parceria com outras instituições de pesquisa,
            
            
              comunidades de doadores e parceiros acadêmicos regionais. Isso inclui o
            
            
              estabelecimento de redes e a ampliação da capacidade, em todo o mundo,
            
            
              de avaliar os estoques de carbono e as emissões de gases de efeito estufa de
            
            
              zonas úmidas tropicais.
            
            
              O tema também recebeu atenção a nível nacional. Na Indonésia – que
            
            
              abriga a maior área de manguezais do mundo, com cerca de três milhões de
            
            
              hectares espalhados por todo o arquipélago – o CIFOR sediou um seminário
            
            
              para jornalistas sobre zonas úmidas. Cerca de 17 jornalistas nacionais
            
            
              participaram da oficina e de uma viagem de campo a uma floresta de
            
            
              mangue, e mais de 30 estórias foram publicadas nos principais jornais de
            
            
              todo o país.