Page 14 - CIFOR Annual Report 2011 - Portuguese

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Resultados marcantes mostram que os
manguezais são essenciais para combater as
mudanças climáticas
Depois de um voo para uma cidade litorânea na Indonésia, um grupo de
cientistas viaja 20 horas de barco para um sítio ribeirinho, onde passam uma
semana, esperando que a maré baixe a cada dia para escalar uma teia de
raízes, com lama até os joelhos, e chegar a uma remoto manguezal.
Assim começou o trabalho duro que levou o CIFOR a realizar descobertas
fundamentais – apontando para os manguezais como repositórios ideais
para manter o carbono fora da atmosfera e armazenado nas florestas. Essas
descobertas estão tendo implicações significativas para as políticas locais
e globais.
Os cientistas esticam trenas e anotam as circunferências das árvores. Eles
descarregam cerca de 12 kg de tubos de aço inoxidável, cravam-nos no
chão, e os puxam de volta para fora para coletar amostras representativas:
a um metro de profundidade, eles coletam terra arenosa com pedaços de
folhas; e a mais de 11 metros de profundidade, uma terra que é preta e lisa
como graxa.
Encharcados de repelente para se proteger contra a dengue e a malária, os
cientistas trabalham de forma rápida enquanto a maré sobe. Eles nadam de
volta para os barcos. De volta ao laboratório, eles analisam o carbono em
milhares de amostras de solo do Sudeste Asiático. Eles quebram a cabeça com
os números e se surpreendem com os resultados: os manguezais armazenam
três a quatro vezes mais carbono do que a maioria das florestas tropicais.
Os manguezais ocorrem ao longo da costa de cerca de 118 países, mas quase
a metade deles foi destruída na segunda metade do século passado.
Um aumento de gases de efeito estufa aqueceu a Terra em 0,7 °C ao longo
do século passado, fermentando uma mistura cada vez mais turbulenta
de tempestades, inundações, deslizamentos de terra, incêndios florestais,
temperaturas extremas e secas.
“Os manguezais estão sendo destruídos a uma taxa alarmante e isso precisa
parar”, disse Daniel Murdiyarso, cientista sênior do CIFOR. “Há uma falta
de conscientização sobre as implicações da perda de manguezais para a
humanidade. Há uma necessidade urgente para os governos reconhecerem
a sua importância e desenvolver melhores políticas para garantir a sua
proteção.“
Desde que as descobertas a respeito dos manguezais foram publicadas em
2011, elas têm recebido atenção mundial dos meios de comunicação, da
comunidade científica e do público em geral. As conclusões serão levadas em
conta pelos processos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas,
enquanto esse revisa suas diretrizes para inventários de gases de efeito estufa
em áreas úmidas.
Para ampliar ainda mais o impacto dos resultados, a Iniciativa para Adaptação
e Mitigação às Mudanças Climáticas em Áreas Úmidas Tropicais (TwinCam)
foi desenvolvida pelo CIFOR em parceria com outras instituições de pesquisa,
comunidades de doadores e parceiros acadêmicos regionais. Isso inclui o
estabelecimento de redes e a ampliação da capacidade, em todo o mundo,
de avaliar os estoques de carbono e as emissões de gases de efeito estufa de
zonas úmidas tropicais.
O tema também recebeu atenção a nível nacional. Na Indonésia – que
abriga a maior área de manguezais do mundo, com cerca de três milhões de
hectares espalhados por todo o arquipélago – o CIFOR sediou um seminário
para jornalistas sobre zonas úmidas. Cerca de 17 jornalistas nacionais
participaram da oficina e de uma viagem de campo a uma floresta de
mangue, e mais de 30 estórias foram publicadas nos principais jornais de
todo o país.