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Bionergia, sustentabilidade, e
trade-offs
O biodiesel tem sido anunciado como uma alternativa verde
aos combustíveis fósseis, mas um estudo do CIFOR descobriu
que o carbono liberado a partir da conversão de terras para a
produção de biocombustíveis pode levar décadas ou até séculos
para ser neutralizado, levantando sérias questões sobre sua
sustentabilidade.
“Realmente importa como você produz biocombustíveis e
em que terra os cultiva para saber se você irá ou não obter
benefícios em relação às mudanças climáticas”, disse Louis
Verchot, cientista principal do CIFOR.
“Os biocombustíveis que resultam na conversão de ecossistemas
naturais nunca serão eficientes em termos de emissões. Este
estudo defende um apropriado planejamento espacial e a
conscientização de que qualquer coisa que você faz em nome
da atmosfera pode ter consequências inesperadas, a menos que
você olhe para o sistema de produção como um todo.“
Este resultado de pesquisa é parte de um estudo financiado
pela Comissão Europeia, olhando não só para as implicações
da bioenergia para as mudanças climáticas, mas também para
as implicações sociais e ambientais do desenvolvimento da
bioenergia. Cientistas e parceiros do CIFOR estão estudando
a eficácia de políticas e regulamentos, com ênfase especial
nas medidas que regem o acesso às terras convertidas para a
produção de biocombustível e nos impactos negativos sobre
as florestas naturais e as populações locais que ganham a vida
nessas terras. O projeto tem se concentrado no Brasil, Gana,
Indonésia, Malásia, México e Zâmbia.
Ao longo de 2011, o projeto envolveu uma ampla gama
de partes interessadas em um processo de divulgação e
disseminação dos resultados da pesquisa. As descobertas sobre
a “dívida de carbono” dos biocombustíveis chamaram atenção
da mídia em todo o mundo. Reuniões com parlamentares
europeus, a sociedade civil e ministérios do governo
demonstraram o valor da pesquisa e o potencial da aplicação de
lições políticas em países fora da zona do projeto. Em agosto,
a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral reuniu-
se para discutir os impactos do desenvolvimento da bioenergia
sobre mudanças no uso da terra, nos meios de subsistência
rural e nas economias nacionais na África Austral. Em setembro,
os interessados do Sudeste Asiático, África Subsaariana e da
América Latina reuniram-se para trocar suas experiências sobre
o desenvolvimento de cultivos de biocombustíveis.
“O desenvolvimento da bioenergia tem implicações para a
posse da terra, a segurança alimentar, a subsistência e o meio
ambiente”, disse Verchot. “Ao construir o nosso conhecimento
sobre o que funciona e o que não funciona, e ao compartilhar
esse conhecimento através de uma rede de atores, somos mais
propensos a desenvolver políticas de bioenergia eficazes tanto
para os países produtores como para os países consumidores.”